A
pandemia da gripe espanhola de 1918 assolou o mundo de tal maneira que cerca de
1/3 da população mundial foi infectada, e os grandes agravos econômicos do
período pós-guerra ficaram ainda mais intensificados diante dessa situação. Ela
foi dividida em três fases de 1918 até 1919: 1ª onda (março de 1918), 2ª onda
(Final de agosto de 1918) e a 3ª onda (Começo de 1919). Devido à primeira
guerra mundial e à grande circulação de pessoas entre os continentes foi
possível que o vírus da gripe pudesse se espalhar da Europa, o foco da guerra,
para as outras regiões.
A
primeira onda ocorreu por volta de março de 1918 sem muitas mortes, sendo das três
fases a que menos matou e ocasionou prejuízos. A segunda onda foi a mais letal
das três, pois a maioria dos infectados e mortos ocorreram nessa fase, sendo
que os principais alvos das fatalidades eram jovens e adultos na faixa dos 15 a
30 anos.
Esse
grupo, em teoria, apresentaria a maior imunidade, em relação aos grupos de
risco que eram esperados, como os idosos. Segundo Short et. al.
(2018), as citocinas pró-inflamatórias produzidas em excesso, na resposta imune
ao vírus, foram cruciais para o desenvolvimento de condições clínicas
agravantes. Esse fenômeno é conhecido como tempestade de citocinas e
ocorreu com maior frequência em jovens. Além das mutações que ocorreram
e que aumentaram a virulência do vírus (capacidade do vírus causar a
doença) durante esse período.
Outra
teoria, seria a exposição de indivíduos, na faixa dos 30-60, às variantes H1 ou
N1 do vírus influenza, antes de 1889. Acredita-se que isso teria ocasionado a
produção de anticorpos que proporcionariam proteção cruzada, isto é,
pela similaridade desse vírus com o de 1918, para quem nasceu antes de 1889. Problemas
como a má nutrição e a malária foram também causas para a grande quantidade de
mortos no período.
A
segunda onda da COVID-19, no Brasil, assemelhou-se com a segunda onda da
pandemia de 1918, pois houve um número considerável de jovens mortos pelo
vírus. Todavia, os tipos de mutações dos coronavírus não ocorrem do mesmo modo
e frequência como nos vírus influenza.
Por
fim, a terceira onda foi um pouco mais branda que a segunda, mas não deixa de
ter sua relevância, pois, ainda assim, teve maior números de mortes que a
primeira. O saldo de mortos para essa pandemia foi de 50 milhões, a mais
letal da história.
Portanto,
é importante salientar que a pandemia de 1918 tem suas próprias características,
e não deve ser comparada à pandemia da COVID-19 como equivalente. Essas três ondas
são um bom exemplo da progressão de uma pandemia e como ela pode evoluir, caso
não seja controlada.
Referência utilizada como base para a escrita do texto:
SHORT, Kirsty R.;
KEDZIERSKA, Katherine; VAN DE SANDT, Carolien E. Back to the future: lessons
learned from the 1918 influenza pandemic. Frontiers in cellular and infection microbiology, v. 8, p. 343, 2018.
Esse artigo foi originalmente publicado no site do Patologia & Saúde.
Texto escrito por: Vitor Guilherme Oliveira Dinizio
Revisão técnica: Diego Moura Tanajura
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