Com
o surgimento da pandemia pelo novo coronavírus, um termo ganhou destaque entre
as pessoas: a imunidade coletiva, também conhecida como imunidade de
grupo ou de rebanho. O termo surgiu no início do século passado no
campo da veterinária e logo depois passou a ser utilizado na área médica. No
entanto, só começou a ganhar força na década de 50 e 60 com o aumento do uso
das vacinas e das campanhas de vacinação. De forma simples, a imunidade
coletiva acontece quando uma grande parte da população (o “rebanho”) se torna
imune à doença infecciosa, dificultando a disseminação desta para as pessoas
suscetíveis.
A
imunidade à doença pode ser adquirida de duas formas:
I)
através da vacinação em massa, forma mais
segura de se alcançar a imunidade coletiva;
II)
através da infecção natural, no qual um
número suficiente de pessoas que tiveram a doença e curaram, desenvolvem
imunidade protetora. O problema desta última estratégia é que ela possui um
alto custo: muitas pessoas adoecem, leva o sistema de saúde ao colapso e
milhares de vidas são perdidas!
Desta
forma, é consenso entre os especialistas que o melhor caminho para induzir
imunidade coletiva seja através da vacinação em massa.
O
quanto de uma população precisa ser vacinada para alcançarmos esse “número
mágico”?
Depende.
Esse número varia de doença para doença e um dos fatores que influencia é a
taxa de transmissão do agente infeccioso. O sarampo, por exemplo, possui uma
taxa de transmissão média de 13, ou seja, uma pessoa pode transmitir a doença
para outras 13. Por conta dessa alta taxa de transmissão, é necessário vacinar
pelo menos 95% da população para que os outros 5% não peguem o vírus. Para a
pólio, a taxa de transmissão é de seis. Por isso, é preciso vacinar 80% da
população alvo.
É
importante destacar que eficácia vacinal não é tudo. De nada adianta termos uma
vacina com alta eficácia, se a população não for se vacinar. Por exemplo, a
vacina contra o sarampo possui 95% de eficácia e foi responsável por eliminar a
doença do território brasileiro. No entanto, com o aumento no desinteresse pela
vacinação a doença voltou. Por outro lado, a vacina contra o vírus influenza
(gripe) possui uma eficácia que varia entre 40 a 60% e é responsável por salvar
milhares de vidas pelo Brasil. Isso mostra a importância da população ir se
vacinar, independentemente do tipo de vacina e da sua eficácia.
DOI:https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)31924-3
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