terça-feira, 6 de junho de 2023

Imunidade de rebanho e a eficácia vacinal

 

Com o surgimento da pandemia pelo novo coronavírus, um termo ganhou destaque entre as pessoas: a imunidade coletiva, também conhecida como imunidade de grupo ou de rebanho. O termo surgiu no início do século passado no campo da veterinária e logo depois passou a ser utilizado na área médica. No entanto, só começou a ganhar força na década de 50 e 60 com o aumento do uso das vacinas e das campanhas de vacinação. De forma simples, a imunidade coletiva acontece quando uma grande parte da população (o “rebanho”) se torna imune à doença infecciosa, dificultando a disseminação desta para as pessoas suscetíveis.

A imunidade à doença pode ser adquirida de duas formas:

I)              através da vacinação em massa, forma mais segura de se alcançar a imunidade coletiva;

II)            através da infecção natural, no qual um número suficiente de pessoas que tiveram a doença e curaram, desenvolvem imunidade protetora. O problema desta última estratégia é que ela possui um alto custo: muitas pessoas adoecem, leva o sistema de saúde ao colapso e milhares de vidas são perdidas!

Desta forma, é consenso entre os especialistas que o melhor caminho para induzir imunidade coletiva seja através da vacinação em massa.

O quanto de uma população precisa ser vacinada para alcançarmos esse “número mágico”?

Depende. Esse número varia de doença para doença e um dos fatores que influencia é a taxa de transmissão do agente infeccioso. O sarampo, por exemplo, possui uma taxa de transmissão média de 13, ou seja, uma pessoa pode transmitir a doença para outras 13. Por conta dessa alta taxa de transmissão, é necessário vacinar pelo menos 95% da população para que os outros 5% não peguem o vírus. Para a pólio, a taxa de transmissão é de seis. Por isso, é preciso vacinar 80% da população alvo.

É importante destacar que eficácia vacinal não é tudo. De nada adianta termos uma vacina com alta eficácia, se a população não for se vacinar. Por exemplo, a vacina contra o sarampo possui 95% de eficácia e foi responsável por eliminar a doença do território brasileiro. No entanto, com o aumento no desinteresse pela vacinação a doença voltou. Por outro lado, a vacina contra o vírus influenza (gripe) possui uma eficácia que varia entre 40 a 60% e é responsável por salvar milhares de vidas pelo Brasil. Isso mostra a importância da população ir se vacinar, independentemente do tipo de vacina e da sua eficácia.

DOI:https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)31924-3


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