Para responder a essa pergunta,
precisamos entender o que são os macrófagos, suas funções e seus diferentes
fenótipos. Vamos lá?
Quando há um tecido lesionado ou
a invasão de algum agente infeccioso, é necessário que as células de defesa do
hospedeiro sejam recrutadas até o local para garantir a sobrevivência do
organismo. Os macrófagos fazem parte dessas células protetoras, atuando na
eliminação de tecido morto e micróbios, na liberação de mediadores, no reparo
tecidual e na apresentação de antígenos.
Os macrófagos são células que
atuam nos tecidos e derivam de células que se encontram na corrente sanguínea:
os monócitos. Sendo assim, quando ocorre algum processo infeccioso, os monócitos
inicialmente são recrutados para o local da lesão e, após atingirem o tecido
extravascular, se diferenciam em macrófagos.
Ainda é importante destacar que
os macrófagos podem ser fixos ou livres. Os macrófagos do tipo livre são
derivados de monócitos circulantes que são estimulados pelo fator estimulador
de colônia de monócito (uma citocina), liberado quando uma resposta inflamatória
está em vigência. Já os macrófagos fixos/residentes podem derivar dos órgãos hematopoiéticos fetais (saco
vitelínico, fígado) que se instalam em alguns tecidos
durante o desenvolvimento embrionário. Abaixo estão listados alguns desses
órgãos/tecidos que abrigam macrófagos:
- Tecidos conjuntivos;
- Fígado (células de Kupffer);
- Baço;
- Linfonodos (histiócitos sinusais);
- Sistema nervoso central (células microgliais);
- Pulmões (macrófagos
alveolares).
A atuação dos macrófagos
recém-formados pode ocorrer de maneiras distintas, dependendo do tipo de
ativação que será estimulada: a ativação clássica ou a ativação alternativa.
Ativação clássica (Macrófago M1)
Pode ser induzida,
principalmente, por produtos microbianos, como lipopolissacarídeos (LPS) e substâncias liberadas pelas células Th1 (subgrupo de linfócitos T auxiliares
CD4+), como a citocina IFN-γ. Além disso, esse processo pode ocorrer sob
a influência de TNF-α, cristais e material particulado.
A via de ativação clássica
possibilita o aumento da atividade fagocítica (killing) do macrófago,
através da indução da produção de enzimas lisossômicas, de espécies reativas de
oxigênio e de intermediários nitrogenados reativos (como o óxido nítrico), além
da liberação de interleucinas (IL-1, IL-12, IL-23), TNF-α e quimiocinas (como a
CXCL10).
Ativação alternativa (Macrófago
M2)
Induzida por fatores liberados pelos linfócitos Th2 ( outro subgrupo de linfócitos T auxiliares CD4+), mastócitos e eosinófilos. Alguns desses fatores podem ser interleucinas (IL-4, IL-13, IL-10), corticosteroides, além de uma possível influência do Fator Transformador do Crescimento-β (TGF-β) e de prostaglandina E2 (PGE2).
Nesse tipo de ativação, o papel
dos macrófagos está mais voltado à reparação tecidual e resolução da inflamação,
uma vez que secretam fatores que estimulam a angiogênese, a proliferação de fibroblastos e a
síntese de colágeno. As interleucinas IL-10 e IL-1ra e as quimiocinas CCL17 e
CCL22 são produtos desse tipo de macrófago.
Figura 2: Vias de ativação dos macrófagos. Robbins (2013).
- Os macrófagos M1, além de microbicidas, também funcionam como células apresentadoras de antígenos, uma vez que expressam altos níveis de MHC classe I e classe II.
- Os macrófagos M2 atuam como imunossupressores e, dependendo do indutor, podem diferenciar-se em M2a, M2b ou M2c.
Considerações finais
Em resumo, os macrófagos M1 e M2
desempenham papéis complementares no sistema imunológico, sendo heróis
multifacetados que trabalham de maneira integrada na defesa e reparação do
organismo.
REFERÊNCIAS
ABBAS, A.K; LICHTMAN, A.H;
PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. Elsevier, 9 ed. 2019.
KUMAR, V. ABBAS, A. K. ASTER, J.
C. Robbins Patologia Básica. Tradução: Claudia Coana et al. 9. ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2013. 910 p.
Wang Et al.; M2b macrophage polarization and its roles in diseases. J Leukoc Biol. 2019 Aug;106(2):345-358. doi: 10.1002/JLB.3RU1018-378RR. Epub 2018 Dec 21. PMID: 30576000; PMCID: PMC7379745.
Texto: Ríselly Sabrine Oliveira Santos
Revisão técnica: Diego Moura Tanajura
Nenhum comentário:
Postar um comentário