segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Macrófagos M1 e M2: Heróis da Defesa ou da Reparação?

 

Para responder a essa pergunta, precisamos entender o que são os macrófagos, suas funções e seus diferentes fenótipos. Vamos lá?

 

Quando há um tecido lesionado ou a invasão de algum agente infeccioso, é necessário que as células de defesa do hospedeiro sejam recrutadas até o local para garantir a sobrevivência do organismo. Os macrófagos fazem parte dessas células protetoras, atuando na eliminação de tecido morto e micróbios, na liberação de mediadores, no reparo tecidual e na apresentação de antígenos.

Os macrófagos são células que atuam nos tecidos e derivam de células que se encontram na corrente sanguínea: os monócitos. Sendo assim, quando ocorre algum processo infeccioso, os monócitos inicialmente são recrutados para o local da lesão e, após atingirem o tecido extravascular, se diferenciam em macrófagos.

 

Ainda é importante destacar que os macrófagos podem ser fixos ou livres. Os macrófagos do tipo livre são derivados de monócitos circulantes que são estimulados pelo fator estimulador de colônia de monócito (uma citocina), liberado quando uma resposta inflamatória está em vigência. Já os macrófagos fixos/residentes podem derivar dos órgãos hematopoiéticos fetais (saco vitelínico, fígado) que se instalam em alguns tecidos durante o desenvolvimento embrionário. Abaixo estão listados alguns desses órgãos/tecidos que abrigam macrófagos:

- Tecidos conjuntivos;

- Fígado (células de Kupffer);

- Baço;

- Linfonodos (histiócitos sinusais); 

- Sistema nervoso central (células microgliais);

- Pulmões (macrófagos alveolares).

A atuação dos macrófagos recém-formados pode ocorrer de maneiras distintas, dependendo do tipo de ativação que será estimulada: a ativação clássica ou a ativação alternativa.


Ativação clássica (Macrófago M1)

Pode ser induzida, principalmente, por produtos microbianos, como lipopolissacarídeos (LPS) e  substâncias liberadas pelas células Th1 (subgrupo de linfócitos T auxiliares CD4+), como a citocina IFN-γ. Além disso, esse processo pode ocorrer sob a influência de TNF-α, cristais e material particulado.

A via de ativação clássica possibilita o aumento da atividade fagocítica (killing) do macrófago, através da indução da produção de enzimas lisossômicas, de espécies reativas de oxigênio e de intermediários nitrogenados reativos (como o óxido nítrico), além da liberação de interleucinas (IL-1, IL-12, IL-23), TNF-α e quimiocinas (como a CXCL10).


Ativação alternativa (Macrófago M2)

Induzida por fatores liberados pelos linfócitos Th2 ( outro subgrupo de linfócitos T auxiliares CD4+), mastócitos e eosinófilos. Alguns desses fatores podem ser interleucinas (IL-4, IL-13, IL-10), corticosteroides, além de uma possível influência do Fator Transformador do Crescimento-β (TGF-β) e de prostaglandina E2 (PGE2).

Nesse tipo de ativação, o papel dos macrófagos está mais voltado à reparação tecidual e resolução da inflamação, uma vez que secretam fatores que estimulam a angiogênese, a proliferação de fibroblastos e a síntese de colágeno. As interleucinas IL-10 e IL-1ra e as quimiocinas CCL17 e CCL22 são produtos desse tipo de macrófago.







Figura 1: Via de ativação dos macrófagos. À esquerda, pode-se observar os fatores que estimulam os Macrófagos M1 e seus respectivos produtos. À direita, é possível observar as substâncias que estimulam os Macrófago M2 e os derivados dessas células.

Imagem por: Ríselly Sabrine Oliveira Santos






Figura 2: Vias de ativação dos macrófagos. Robbins (2013).

- Os macrófagos M1, além de microbicidas, também funcionam como células apresentadoras de antígenos, uma vez que expressam altos níveis de MHC classe I e classe II.

- Os macrófagos M2 atuam como imunossupressores e, dependendo do indutor, podem diferenciar-se em M2a, M2b ou M2c.


Considerações finais

Em resumo, os macrófagos M1 e M2 desempenham papéis complementares no sistema imunológico, sendo heróis multifacetados que trabalham de maneira integrada na defesa e reparação do organismo.

 

REFERÊNCIAS

ABBAS, A.K; LICHTMAN, A.H; PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. Elsevier, 9 ed. 2019.

KUMAR, V. ABBAS, A. K. ASTER, J. C. Robbins Patologia Básica. Tradução: Claudia Coana et al. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 910 p.

Wang Et al.; M2b macrophage polarization and its roles in diseases. J Leukoc Biol. 2019 Aug;106(2):345-358. doi: 10.1002/JLB.3RU1018-378RR. Epub 2018 Dec 21. PMID: 30576000; PMCID: PMC7379745.

 

Texto: Ríselly Sabrine Oliveira Santos

Revisão técnica: Diego Moura Tanajura 




quarta-feira, 17 de setembro de 2025

O custo para vacinar uma criança

 

O nosso PNI (Programa Nacional de Imunizações)  foi criado em 1973, com o objetivo de gerenciar as ações de vacinação em nosso país. Para quem não sabe, antes do PNI, não havia campanhas anuais de vacinação como as de hoje. As campanhas levavam tempo para acontecer e, quando aconteciam, não cobriam todo o território nacional. Isso significa que, antes do PNI, era comum as campanhas de vacinação ocorrerem em algumas regiões, em detrimento de outras.

Hoje, vacinar uma criança virou um procedimento comum e rápido, até mesmo automático. Basta levar a criança a qualquer posto de saúde para que ela receba todas as vacinas necessárias para a manutenção de sua saúde.


Mas você já parou para pensar quanto custaria para vacinar um filho se não tivéssemos as vacinas ofertadas gratuitamente pelo SUS?

 

Antes de falar sobre o custo de vacinar uma criança, é importante explicar como chegamos a esse valor.

Para quem não sabe, o Imuno News é um projeto de extensão da Universidade Federal de Sergipe, formado por jornalista, professor e estudantes da área da saúde. Nós realizamos um levantamento de quanto custaria vacinar uma criança do nascimento até os 15 meses de vida. Para nossa surpresa, em nenhum site da internet encontramos esse valor exato. No máximo, encontramos preços de pacotes oferecidos por clínicas privadas, mas que não correspondiam às mesmas vacinas ofertadas pelo SUS.

Assim, tivemos que buscar o preço de cada uma das 13 vacinas que uma criança precisa tomar do zero aos 15 meses de vida. Esses valores foram buscados em sites de clínicas privadas de vacinação de todo o Brasil.

O resultado foi que o custo para vacinar uma criança do nascimento até os 15 meses de vida gira em torno de R$ 6.400. Ou seja, se não tivéssemos vacinas gratuitas disponibilizadas pelo SUS, uma família gastaria, em média, R$ 6.400 para vacinar um filho até os 15 meses de idade.

 

Considerando a situação da maioria das famílias brasileiras, o custo é elevado. Uma família que tem dois filhos, por exemplo, gastaria quase 13 mil reais para vaciná-los. E esses R$6.400 por filho consideram apenas as vacinas que a criança precisa tomar até os 15 meses de vida. Até a adolescência, a criança precisa tomar mais outras vacinas. Então, esse custo só tende a aumentar ainda mais, caso não tivéssemos o SUS.

Para se ter uma ideia, uma família gastaria mais de 4 salários-mínimos só para vacinar uma criança. A realidade é que, sem o SUS, vacinar uma criança seria quase impossível para grande parte da população, já que quase 70% dos trabalhadores recebem até dois salários-mínimos. 


“A depender da região, o custo para vacinar uma criança pode ser bem maior”.

 

A depender da região, como uma pequena cidade do interior, mais afastada de um grande centro, o custo da vacina tende a ser maior devido à logística para transportar os imunizantes. Imagine uma cidade ou povoado no sertão ou em uma região ribeirinha na floresta amazônica.

 Apresentamos uma média dos custos das vacinas, com base em dados de clínicas privadas de todo o Brasil. É importante lembrar que o valor final pode variar de acordo com o estado de residência.

 

“Há pessoas que são resistentes às vacinas e falam que investir em vacinas é um gasto desnecessário.”


Quem fala uma coisa dessas, certamente possui um conhecimento muito limitado sobre as vacinas e a sua importância. De fato, o Brasil gasta bastante nessa área. Vou até corrigir, O Brasil gasta não, na realidade o nosso país investe. Segundo dados da Unicef, para cada dólar investido em vacinação, o país economiza até 44 dólares  em custos com tratamentos, hospitalizações e perdas econômicas.

Me diga, qual investimento tem um retorno tão grande assim? 



Fonte: Autoria própria.
Obs.: O levantamento ocorreu durante o período de 02/07/2025 a 17/07/2025. 

Clique aqui para melhor visualização da tabela. 



Metodologia do estudo

 

Para realizar o levantamento do custo para vacinar uma criança de até 15 meses, os alunos participantes do curso de extensão em divulgação científica do “Imuno News” da Universidade Federal de Sergipe, Campus Lagarto, composto por sete estudantes dos cursos de saúde, foram divididos em dois grupos. Cada grupo ficou responsável por buscar os custos das vacinas em sites de farmácias e clínicas privadas de vacinação em todo o país, de forma independente. Após o levantamento do custo, os dados foram trocados entre os grupos para checagem. O levantamento ocorreu durante o período de 02/07/2025 a 17/07/2025. 

 

Foram pesquisadas todas as vacinas do Calendário Nacional de Vacinação da Criança, disponibilizadas pelo Ministério da Saúde recomendadas até os 15 meses de vida. Posteriormente, os dados da pesquisa foram tabulados, conforme apresentado na Tabela 1. 

 

Importante destacar que foi levantado o menor e o maior custo de cada vacina e, em seguida, calculada a média.


Texto e estudo desenvolvidos por: 

Amanda Santos Ferreira

Antony Matheus Lima Cordeiro 

Clarisse Monteiro Gonçalves

Gabriel Santos de jesus

Geovane Lopes Mendes

Medlaine Lisbôa de Oliveira Silva

Valterson Maycon de Andrade Sousa

Diego Moura Tanajura 


terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Caso Clínico IV - COVID-19

 

Senhor José, com 70 anos e diabético, deu entrada no PS do HU de Lagarto com um quadro de dispneia, febre, tosse e dores pelo corpo. Além disso, foi observada uma ferida no pé direito do paciente que não cicatrizava há mais de 6 meses.

O resultado do hemograma mostrou presença de linfopenia, monocitopenia e neutrofilia. Já os eritrócitos, basófilos e plaquetas estavam com seus níveis normais. O plantonista explicou ao filho de José, que seu pai fora infectado pelo SARS-CoV-2, um vírus causador de doenças respiratórias. Complementou que idosos com doenças crônicas apresentam um risco maior de complicações por conta dos mecanismos de agressão do vírus e, pela elevada ativação dos mecanismos de defesa contra o patógeno.

No terceiro dia de internação, o Sr. José contraiu uma infecção bacteriana, sendo solicitado uma coloração de gram para determinar se a infecção era por bactérias gram-positivas ou gram-negativas. A equipe de saúde também se preocupou em detectar se a bactéria seria intracelular ou extracelular, pois os mecanismos de agressão e defesa são diferentes.

O resultado da coloração indicou infecção por bactéria gram-negativa, e poucas horas depois, infelizmente o Sr. José faleceu por choque-séptico devido ao LPS liberado, o qual induziu uma inflamação com intensa produção de mediadores pelas células de defesa.



Perguntas


1)     Por que pacientes diabéticos fazem parte do grupo de risco para o desenvolvimento da forma grave da covid-19?

 2)     Qual a explicação para a lenta cicatrização em pacientes diabéticos?

 3)      Explique o resultado do hemograma do paciente - linfopenia, monocitopenia e neutrofilia.

 4)     Quais os mecanismos de agressão dos vírus?

 5)     Quais os mecanismos de defesa contra os vírus?

 6)     Em termos de resposta imune, os extremos são perigosos. Quais são os perigos de uma resposta imune fraca e de uma resposta imune forte?

 7)     “...se a bactéria seria intracelular ou extracelular, pois os mecanismos de agressão e defesa são diferentes.”. Diferencie estes mecanismos de agressão pelas bactérias e defesa pelo hospedeiro.  

8)     O paciente faleceu em decorrência de choque séptico causado por produtos bacterianos. Explique a fisiopatologia do choque séptico, e se existe alguma relação entre o choque séptico e a tempestade de citocinas, bem como os superantígenos bacterianos.

 9)     A figura abaixo mostra a produção de mediadores imunes e a carga viral em dois pacientes infectados pelo SARS-CoV-2.

a)     Qual paciente vai ter pior desfecho?

b)     Qual a explicação para esse pior desfecho?



Fonte: Nature Reviews Immunology volume 20, pages453–454(2020)





terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Caso clínico III - Vacinas e infecção

 


O caso clínico abaixo oferece uma oportunidade para discutir a microbiologia e a resposta imunológica frente à infecção/vacinação. É essencial que o aluno(a) compreenda não apenas os aspectos patológicos, mas também as implicações sociais e comportamentais que afetam a saúde da população.

**********

 

Marina, bebê de 3 semanas de idade, é levada ao PS da pediatria por seus pais. Nos últimos 5 dias a bebê apresentou febre e tosse, mas agora apresenta uma tosse tão grave que está vomitando.

Gael, 7 anos, irmão de Marina, também está doente. Ele apresenta coriza e tosse branda. Os pais das crianças não acreditavam que a doença de Marina fosse grave até ela começar a vomitar. O Dr. Marcos, médico residente em pediatria, admitiu a bebê no hospital para testes e observações. Ela é hospitalizada por 5 dias.

O Dr. Marcos examina Marina durante os dias de internação no hospital. Em nenhum momento ele utiliza máscara para proteção facial.

 

Resultados dos exames de Marina:

O exame de sangue mostrou a presença de leucocitose e linfocitose absoluta.

O swab da garganta foi positivo para o DNA da bactéria Bordetella pertussis.

 

Diante do diagnóstico positivo para coqueluche, a equipe de saúde entrou com a antibioticoterapia em Marina e solicitou a cultura da garganta dos pais e do irmão Gael. Os resultados da cultura foram negativos nos pais e positivo para B. pertussis em Gael.

Como se observa frequentemente em crianças maiores e adultos, os sintomas de Gael são mais brandos do que os de sua irmã; recém-nascidos que contraem coqueluche podem ficar gravemente doentes, chegando até a morte.

Nove dias após a exposição inicial à doença de Marina, o Dr. Marcos apresenta coriza e 4 dias depois tosse. O médico supõe ter contraído um resfriado e recusa a profilaxia recomendada com eritromicina. Uma investigação mais detalhada identifica outros 5 casos de coqueluche em profissionais da saúde (um terapeuta respiratório, um técnico radiológico e três estudantes de enfermagem – todos da clínica médica), além de mais 6 pacientes (3 na pediatria e 3 na clínica médica).  

 

No Brasil, em 2023 foram registrados 214 casos da doença e em 2024 foram mais de 6 mil casos.

Segundo Eder Gatti Fernandes, diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do MS - “Os casos graves de coqueluche estão todos acontecendo nos bebês. Inclusive, os óbitos registrados até o momento aconteceram em bebês. Esses bebês têm uma característica em comum: todos são filhos de mães não vacinadas”.

É importante destacar que adultos a adolescentes podem ser um reservatório para B. pertussis na comunidade, uma vez que a imunidade decorrente da vacinação infantil começa a declinar de 5 a 15 anos após a última dose da vacina contra a coqueluche.

No Brasil, a vacinação no SUS está disponível para crianças de até 6 anos, gestantes e profissionais da saúde que atuam em maternidades e em unidades de Internação neonatal.

A percepção pública acerca da importância da vacinação infantil também diminuiu; por conseguinte, muitas crianças não estão completamente imunizadas. Foi o que aconteceu com o Gael. Ele não foi vacinado contra a doença, pois seus pais ouviram boatos de que as vacinas poderiam causar efeitos adversos graves e até mesmo a morte.


  • Caso clínico adaptado do livro: TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.

 Perguntas

1.     1.Comente os resultados dos exames laboratoriais da paciente. A Bordetella pertussis é uma bactéria gram + ou -?

2.     2.Que outras células poderiam participar na defesa contra a infecção pela bactéria B. pertussis? Quais os mecanismos de defesa destas células?

3.      3.Qual a explicação imunológica para Gael e o Dr. Marcos não terem desenvolvido a forma grave da doença?

4.      4.Como o Dr. Marcos, os outros profissionais de saúde e pacientes contraíram a infecção?

5.      5.Comente a atitude dos pais de Marina e Gael frente as vacinas? O que poderíamos fazer para mudar essa situação?

6.      6.Segundo o diretor do PNI, os óbitos em crianças pela coqueluche em 2024 têm uma característica em comum: todos são filhos de mães não vacinadas. Use a imunologia para comentar sobre este fato. De que forma a vacinação das mães poderia evitar esses óbitos?

7.      7.O que você acha sobre o público-alvo para a vacinação contra a coqueluche? Faria alguma alteração neste público?

Sugestão de leitura: post 1 e post 2

8.      8.Após o susto, os pais de Marina e Gael decidiram vacinar seus filhos.

a.      Quais vacinas a Marina poderia tomar?

b.      Faça um gráfico semelhante ao da figura 1.2 do Abbas sobre o título de anticorpo sérico em Gael após a 1ª dose da vacina dTpa (obs.: O gráfico deve abordar somente os anticorpos contra a bactéria causadora da Coqueluche). 





terça-feira, 20 de agosto de 2024

O menino da bolha – Parte 3 de 3

 

Este texto é uma mera transcrição de uma trilogia de posts que fizeram muito sucesso no início do @imuno_News lá no Instagram

Veja aqui o post original.





São perguntas difíceis e reflexivas, mas para um menino não era opção de escolha e abrir mão de tudo isso era uma necessidade para viver!


David Phillip Vetter, mais conhecido como o "menino da bolha", nasceu em 21 de setembro de 1971, no Texas, Estados Unidos. Ele tinha uma imunodeficiência
  rara, conhecida como SCID. Por conta disso, praticamente não tinha sistema imune funcional. Coisas simples, como receber um beijo da mãe ou um abraço, era fatal para ele.

Com apenas 20 segundos de vida, David foi colocado dentro de uma bolha de plástico, onde viveu por 12 anos‼️
Até hoje, ele é o maior sobrevivente da SCID entre os não tratados. Tudo isso, por conta do ambiente estéril dentro da bolha, que o isolava do mundo externo.

Normalmente, pacientes não tratados com SCID não chegam a completar um ano de vida (veja aqui o último
 texto que falo sobre os aspectos imunológicos da SCID).





Tudo que era colocado dentro da bolha deveria ser esterilizado. Suas bebidas, comidas, roupas, brinquedos e até sua TV passavam por esse processo antes de entrar na bolha. A maior vontade dele era poder tomar uma simples Coca-Cola. Entretanto, o processo de esterilização acabava por mudar o gosto da bebida e essa vontade não pôde ser realizada.


Aos seis anos, David deu os seus primeiros passos fora da bolha, utilizando um traje espacial feito sob medida para ele pela NASA. Para se ter uma ideia da complexidade de sair da bolha e vestir o traje espacial, era preciso seguir 52 etapas para manter o ambiente estéril.  Graças ao traje espacial, mãe e filho puderam se abraçar pela primeira vez.

Em 1983, seus médicos tentaram uma nova técnica de transplante de medula óssea, que permitia o procedimento entre doadores não totalmente compatíveis. A medula foi doada pela sua irmã. Poucos meses depois de receber o transplante, David adoeceu pela primeira vez e teve que ser retirado da bolha para tratamento. Neste momento, sua mãe pôde tocá-lo pela primeira vez.

Quatro meses depois, David faleceu de Linfoma de Burkitt. O câncer foi causado pelo vírus Epstein-Barr que estava dormente nas células doadas pela sua irmã.


O menino da bolha – Parte1 de 3

O menino da bolha – Parte2 de 3


Referências

RENNIE, Drummond. 'Bubble Boy'. JAMA, v. 253, n. 1, p. 78-80, 1985.


https://www.nytimes.com/2015/12/07/us/the-boy-in-the-bubble-moved-a-world-he-couldnt-touch.html


https://www.cbsnews.com/pictures/bubble-boy-40-years-later-look-back-at-heartbreaking-case/2/





Macrófagos M1 e M2: Heróis da Defesa ou da Reparação?

  Para responder a essa pergunta, precisamos entender o que são os macrófagos, suas funções e seus diferentes fenótipos. Vamos lá?   Qua...

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