terça-feira, 29 de março de 2022

CONTROLADORES DE ELITE DO HIV

Neste artigo discutimos:

História natural da infecção pelo HIV;

História natural da infecção pelo HIV em “controladores de elite”;

Progressores típicos;

Progressores lentos;

Controladores de elite.




Sabe-se que a infecção pelo HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) pode desencadear a AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), tornando o organismo do hospedeiro mais vulnerável a microrganismos (infecções oportunistas) que antes não seriam um problema para um sistema imune competente (não suprimido). Esse processo de supressão imunológica ocorre, uma vez que o HIV possui células específicas do nosso sistema de defesa como alvo, essas apresentam um conjunto de moléculas chamadas de CD4, estando presente em determinados linfócitos T, macrófagos e células dendríticas.


*Veja sobre a primeira mulher no mundo curada pelo HIV.

*A AIDS é uma imunodeficiência secundária, veja mais aqui sobre imunodeficiência primária e secundária. 


Ademais, a contagem dos linfócitos T CD4, que são células de defesa do nosso corpo responsáveis por coordenar parte da nossa resposta contra agentes infecciosos, assim como um general comanda o seu exército durante um combate, é um dos fatores primordiais para indicar se o indivíduo infectado por HIV irá desenvolver a AIDS (Figura 1). Na maioria dos casos, os chamados progressores típicos (PT) (Figura 3), a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana, caso não seja diagnosticada e tratada através da utilização de medicamentos, irá evoluir para um quadro de imunodeficiência, a qual é caracterizada pela redução da contagem dos linfócitos T CD4 no organismo.

Outrossim, existem indivíduos chamados de “progressores lentos” (Figura 3), que apresentam baixa viremia (reduzida circulação de vírus no sangue) mesmo sem o uso de medicamentos, além da presença de uma contagem estável de linfócitos T CD4 e consequentemente não desenvolvem a AIDS por um longo período de tempo. Dentro desse pequeno grupo de indivíduos, há aqueles que possuem uma viremia tão baixa a ponto de o vírus não ser detectado em exames moleculares, sendo necessário a realização de exames complementares para determinar a infecção por HIV, essas pessoas são chamadas de controladores de elite (Figura 2).


*Saiba mais sobre os controladores de elite nesse nosso post do Instagram.



Figura 1: História natural da infecção pelo HIV.
Fonte: aqui

Figura 2: História natural da infecção pelo HIV em “controladores de elite”.
Fonte: aqui


Além disso, sabe-se que essa supressão natural que o corpo de certos hospedeiros possui está atrelada com diversas causas, como características genéticas, imunológicas e virológicas. Entretanto, o fato de existirem indivíduos que conseguem suprimir a replicação viral em seu organismo não é motivo para descuido, uma vez que o número de pessoas que se encaixam nos “controladores de elite” representam apenas 1% dos infectados e a supressão durante um longo período de tempo não significa que ela vá durar para sempre.


Figura 3: Perfil de proporção dos infectados pelo HIV.

Fonte: aqui


Portanto, a luta contra o HIV é constante e infelizmente várias pessoas ainda são infectadas pelo vírus, fazendo com que a prevalência (número total de casos de uma condição de saúde em um determinado momento do tempo) de indivíduos com HIV seja de 37,7 milhões em todo o mundo no ano de 2020 e infelizmente cerca de 680 mil pessoas morreram por doenças relacionadas à AIDS nesse mesmo ano. Assim, o uso de medidas preventivas ainda se faz necessário como a utilização de camisinha ao manter relações sexuais, uso de seringas descartáveis e a testagem do sangue para transfusão.


Texto: Gabriel Silva Morato

Revisão técnica: Diego Moura Tanajura 


Referências:

 doi.org/10.1016/S2055-6640(20)30046-7

https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34429 

http://www.aids.gov.br/pt-br/node/57787

 https://unaids.org.br/estatisticas/

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