quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

O que sabemos sobre as vacinas cubanas contra COVID-19?

 Neste artigo discutimos:

 

Vacina Soberana 2;

Vacina Soberana 2 + Soberana Plus;

Vacina Abdala;

Cuba pretender ser o 1º país da América Latina a vacinar toda sua população.

 

 

Sabe-se que a medicina cubana recebe destaque mundial devido a sua força no caráter preventivo, contando com um forte sistema público de saúde, embora seja uma país marcado pela pobreza devido à presença de um regime autoritário. Assim, é perceptível que a saúde cubana sempre esteve nos holofotes, incluindo nos últimos meses, uma vez que muito se tem discutido sobre duas vacinas contra a COVID-19 desenvolvidas nesse país, a “Soberana 2”, a qual está sendo aplicada em crianças maiores de 2 anos de idade, e a “Abdala”.

 

Vacina Soberana 2

 

A vacina conhecida como Soberana 2 se mostrou efetiva contra o SARS-CoV-2, vírus causador da COVID-19. A tecnologia utilizada nessa vacina é comum a outros tipos de imunizantes, utilizando de pequenos pedaços de proteínas do novo coronavírus associados à vacina do tétano para garantir a sua estabilidade. Também pode-se destacar a segurança dessa vacina e a sua eficácia, a qual é verificada na fase 3 dos estudos que contou com aproximadamente 44.000 participantes, mostrando uma eficácia de 71% contra casos sintomáticos da doença, após a vacinação com as duas doses.

 

Vacina Soberana 2 + Soberana Plus

 

Os cubanos também verificaram a associação da “Soberana 2” com uma outra vacina desenvolvida por eles, a “Soberana Plus” (vacina desenhada inicialmente para ser de dose única). Essa combinação foi responsável por elevar a eficácia do esquema vacinal, saindo de 71% para 92,4% para os casos sintomáticos e uma proteção de 100% contra a forma grave da doença. Por esse motivo, Cuba e Irã aprovaram o uso emergencial desse imunizante, o único ponto controverso ocorreu em Cuba, visto que essa nação iniciou a campanha de vacinação em massa antes mesmo da finalização dos testes de fase 3.

 

Vacina Abdala

 

Além disso, uma outra vacina contra a COVID-19 também foi desenvolvida por Cuba, a “Abdala”, nome que faz referência ao poema de José Martí, poeta e político cubano. Esse imunizante, diferentemente da “Soberana 2”, irá utilizar 3 doses para a imunização completa. A Abdala também possui elevados níveis de eficácia segundo o estudo de fase 3 (92,28%), que contou com aproximadamente 48.000 participantes. Assim, Cuba já utiliza essas duas vacinas na imunização em massa nos seus cidadãos.

 

Ritmo da vacinação em Cuba

 

Até o dia 14 de fevereiro de 2022, Cuba vacinou 93% da sua população com uma dose da vacina e 87% com as duas doses. A dose de reforço (3ª dose) já foi aplicada em 50% da população. Esses dados colocam Cuba como um dos países que mais vacinam no mundo! A meta da ilha é ser o 1º país da América Latina a vacinar toda a sua população até junho de 2022.

 

Portanto, ainda que Cuba seja um país marcado por diversas dificuldades econômicas, foi capaz de desenvolver três vacinas nacionais e imunizar a sua própria população, o que destaca a importância do investimento em ciência. Esse exemplo, mostra que o Brasil pode seguir o mesmo caminho no futuro, com um grande potencial para produção de vacinas, podendo utilizar em sua própria população e até mesmo exportar essas vacinas contra a COVID-19. Entretanto, o desenvolvimento de vacinas nacionais ocorre de maneira lenta, uma vez que não possuímos uma política de forte valorização da ciência.


Texto: Gabriel Silva Morato

Revisão técnica: Diego Moura Tanajura 


Um comentário:

  1. Desde princípio venho acompanhando a iniciativa de Cuba para desenvolvimento de suas vacinas e o modo como lidaram com a pandemia. É um exemplo para o mundo de que podemos ter vacinas e medicamentos sem estarmos subordinados aos laboratórios predadores dos EUA, por exemplo. Mt legal postagem de vcs.

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