Primeiramente, vale ressaltar que o TEA (transtorno do espectro autista) é, segundo o Ministério da Saúde, tido como um distúrbio neurocomportamental caracterizado por alterações das funções do neurodesenvolvimento do indivíduo, interferindo na linguagem, na socialização e no comportamento. E que, no ano de 1999, o FDA (Food and Drug Administration) determinou a redução do timerosal em imunizantes, sendo ele um composto que apresenta propriedades bactericidas. Uma vez que, a aplicação de vacinas que o contivessem em crianças de idades iniciais poderia exceder o limite de metilmercúrio estabelecido pelo Environmental Protection Agency’s (EPA), substância presente no conservante utilizado em vacinas de múltiplas doses, ou seja, que vacinam mais de uma pessoa por frasco.
Com tal determinação de reduzir o uso
do timerosal em imunizantes, inúmeros estudos foram feitos para analisar a
associação entre o composto e o TEA. Nessa linha, analisaremos a seguir um estudo patrocinado pela SafeMinds, um grupo antivacinação, que investigou a
relação entre administração de vacinas com timerosal em macacos nas idades
iniciais (para simular a vacinação em crianças) e o desenvolvimento de
TEA ou de neuropatologia. Para a realização desse estudo, foram administrados
imunizantes que contivessem o composto nas concentrações anteriores e
posteriores a sua redução, e adotados os esquemas vacinais dos anos 1990 e 2008
para crianças. Além disso, foi respeitada a proporção de tempo de vida entre
humanos e primatas, para que houvesse uma adequada comparação entre os
resultados obtidos e o desenvolvimento humano (importante essa abordagem).
Para a obtenção dos resultados, o
estudo comparou o desenvolvimento social e comportamental do grupo e, também, a
quantidade de células de purkinje no cerebelo dos primatas, alterações no
tamanho de seus sistemas límbicos e anormalidades na amígdala e no hipocampo
desses animais, uma vez que todas essas alterações estão relacionadas a
manifestação do autismo. Como resultado, foi possível perceber que não houve
nenhuma alteração em nenhum dos aspectos analisados, tanto nos aspectos
físicos, como a densidade das células de purkinje, quanto no aparecimento de
qualquer estereótipo comportamental típico do TEA.
Além disso, há uma linha de
pensamento que afirma a possibilidade do transtorno do espectro autista estar
relacionado com a vacinação pré-natal. Em vista disso, nesse mesmo estudo,
macacas prenhas, cujos filhos foram designados para o grupo que seria vacinado
com o esquema de 2008, receberam uma dose do imunizante para influenza que
continha timerosal. Dessa maneira, foi mimetizada a recomendação da vacinação
de mulheres grávidas e possibilitada a análise da exposição ao conservante em
idade fetal. E mais uma vez, não foi observada nenhuma mudança cognitiva nos
primatas. Esse estudo se soma a outros estudos, aumentando a evidência
disponível sobre a segurança da vacinação, mesmo em crianças.
Assim, apesar do Metilmercúrio quando
administrado oralmente está associado a alterações comportamentais em primatas,
a administração do composto em vacinas não apresenta nenhum impacto
significativo que possa ser possível o associar ao TEA.
Comentários do professor:
O interessante desse artigo é o que
aconteceu nos bastidores. O resultado encontrado no estudo mostrando que as
vacinas e seus componentes, principalmente o timerosal, não estão relacionados
com o TEA deixou o pessoal antixav insatisfeito. Ora bolas, o estudo foi
financiado por eles, mas eles não queriam que o mesmo viesse a público! O grupo
antixav que patrocinou o estudo tentou impedir a sua publicação. No entanto, os
cientistas responsáveis pelo trabalho foram adiante e publicaram.
Texto escrito por: Hingrid Stephani Rodrigues Ribeiro
Revisão técnica: Diego Moura Tanajura
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