segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Miocardite: quem é o vilão, a vacina ou o vírus?

 



















Obs.: O texto começa aqui. Esse espaço em branco é algum bug da plataforma. 

Ultimamente, a miocardite tem sido demasiadamente associada à vacinação contra a Covid-19, especialmente às vacinas que usam a plataforma de RNA mensageiro (RNAm). Contudo, estudos afirmam que essa condição iatrogênica, ou seja, essa patologia que tem como causa efeitos adversos advindos de tratamentos de saúde tende a ser mais branda quando comparada com a adquirida por infecção viral. 


De início, torna-se válido adotar o conceito de miocardite utilizado pela Anvisa, como uma inflamação no músculo do coração em resposta a uma infecção ou a outro fator (fármaco, toxina etc.). Nesse sentido, tal resposta tem como sintomas dor no peito, falta de ar ou palpitações. Dessa maneira, como exposto no início do texto, tornou-se possível observar, em um estudo desenvolvido por pesquisadores chineses e publicado numa das melhores revistas de cardiologia do mundo – Journal of The American College of Cardiology -, que essa condição patológica quando advinda da vacinação com a plataforma de RNAm tende a ser branda e de menor duração, quando comparada com a miocardite pela Covid-19.


Para a realização do estudo que compara a miocardite viral com a provocada pela vacina de RNAm, foram utilizados os bancos de dados do sistema de saúde pública da cidade de Hong Kong, com o objetivo de comparar os casos da patologia num período de 28 dias após a vacinação para Covid-19, que utiliza técnica mencionada, com dados retrospectivos de pacientes que tiveram miocardite viral no período anterior a pandemia da Covid-19, entre os anos de 2000 a 2019, para que não haja relação desses com o vírus causador da pandemia e nem com o imunizante. Estatisticamente, os resultados obtidos, em um recorte populacional de 10.000 pessoas, foram taxas menores que 0,01% de mortalidade, de insuficiência cardíaca e de cardiomiopatia dilatada relacionadas a vacina de RNAm, em contraste com taxas entre 2 e 8 vezes maiores associadas a infecção por vírus resultante em miocardite.


Nesse contexto, evidenciou-se que a probabilidade de desenvolver essa patologia no sistema cardiovascular é baixa, e, também, que segundo o estudo publicado na prestigiosa revista The New England Journal of Medicine, homens jovens, entre 16 e 29 anos, têm maiores chances de desenvolver a miocardite. Em contrapartida, outro estudo realizado nos Estados Unidos e no Canadá e publicado na revista Circulation (revista especializada em temas de saúde e doenças cardiovasculares) afirma que as manifestações da miocardite, nesse grupo supracitado, tendem a ser de tratamento rápido e simples quando comparadas com a miocardite de causa viral.


A imagem a seguir ilustra, precisamente, o que foi discutido durante o texto.

Observa-se pela imagem que os pacientes foram acompanhados por até 180 dias para avaliar o desfecho que esses tiveram após o diagnóstico de miocardite



Imagem traduzida do artigo. OBS.: Clique na imagem para uma melhor visualização. 

Tais descobertas do estudo discutido podem indicar que há uma relação entre a gravidade da patologia estudada e a forma em que essa foi contraída. Uma vez que, a miocardite adquirida pela forma viral, seja pela infecção com o vírus influenza, seja pelo Sars-Cov-2, consiste na infecção direta das células pelo patógeno causando inflamações no coração e formas mais graves de miocardite, e que a apresentada após a aplicação do imunizante é tida como uma breve exposição que desencadeia uma inflamação mais leve.



Assim, ao analisar o estudo que compara as duas formas de manifestar tal inflamação no músculo cardíaco, evidencia-se que a vacinação que utiliza a plataforma de RNAm é segura. Uma vez que os resultados dos prognósticos de miocardite vinculados à vacinação se mostram menos graves e de mais fácil resolução que os adquiridos naturalmente por meio viral.


Comentário do professor

 Aqui temos mais um estudo mostrando o quão é menor o risco de desenvolver miocardite pela vacina do que por vírus. E que a miocardite, que é muito rara, pela vacina é muito mais leve e se resolve de forma rápida; enquanto a miocardite viral é mais grave e pode deixar sequelas. 


Miocardite Covid-19 x vacina.

Outro ponto importante é que o artigo compara a miocardite pela vacina versus outros vírus. Perceba que no período utilizado no estudo – 2000 a 2019, ainda não tínhamos o Sars-Cov-2 circulando. Já sabemos, inclusive, que o risco de miocardite pelo Sars-Cov-2 é até maior do que por outros vírus (veja aqui tabela comparativa ). 


Outros dados interessantes sobre o tema:

1) Imagem da incidência de miocardite - vacina x COVID-19 da Sociedade Brasileira de Cardiologia;

2) Estudo que mostra que as vacinas de RNAm não surgiram da noite para o dia. 


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Texto escrito por: Hingrid Stephani Rodrigues Ribeiro

Revisão técnica: Diego Moura Tanajura


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